Theo
van Gogh pelo irmão Vincent van Gogh, (1887).
Os
tempos são outros. Escorrem pelos dedos. Não só em termos de velocidade – mas de
relações. Zygmunt Bauman já alertava sobre isso em sua tese central: “modernidade
líquida”. Eu conheci o Fernando quando criança – não que ainda não seja.
Aliás, existe coisa mais triste do que um adulto que ainda não têm dentro de si
um pouco da criança que já foi? De pesado já basta os dissabores e tristezas
que a própria vida adulta traz para cada um de nós.
Irmão
da vida. Muito mais chegado que irmão ou irmã mesmo que a genética me concedeu.
Tudo certo aqui também. O tempo só reforçou a nossa amizade. Torcida mútua
sempre.
A
zoeira sobre os times que escolhemos não tem fim. Ai quando um deles perde. O
whatsapp só falta travar de tantas mensagens. O “Sereno” é um daqueles sujeitos destemidos, seu pai veio do Nordeste
(como o meu) e inclusive são amigos até hoje, coincidência? Creio que não. Ambos
chegaram aqui em São Paulo sem nada, sem parentes, sem documentos, sem dinheiro
– traziam dentro de si apenas um sonho: serem felizes. E conseguiram.
Depois de algum tempo você aprende que
verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que
importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
Ao
seu lado soltamos pipas. Ao seu lado fomos em baladas mil. Ao seu lado fomos em
sambas. Ao seu lado fomos em saraus de poesia. Ao seu lado degustamos vinhos.
Ao seu lado comemos e rimos. Ao meu lado você também esteve na hora mais escura
(pois a vida não é só flores) quando perdi minha mãe. Ao seu lado aprendi
lições preciosas sobre a vida – as quais nunca esquecerei. Ao seu lado aprendi
o real significado da palavra: amizade.
Há alguns anos li o livro: “Fernando Sabino e Clarice Lispector – Cartas perto do coração” confesso que fiquei surpreso com o grau de amizade de ambos no livro. E em dado momento Clarice numa carta ao Fernando, datada de 1959 em Washington, D.C., disse:
“Mas
a amizade é a mesma, talvez mesmo maior.”
Gratidão
por sua amizade maior!
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